Acidentes de trânsito causam 40% dos casos de paralisia
Em São Paulo, de cada dez vítimas de paralisia, quatro se envolveram em acidentes de trânsito. As batidas de motos, de carros e atropelamentos agora são a principal causa de lesões na medula.
Informação publicada no Globo, em 21/08/2007
Rosângela, de 27 anos, é mãe de duas filhas. Era só uma passageira do carro acidentado. - Uma pessoa bêbada bateu no carro que eu estava atrás e, como eu estava sem cinto, fraturei a cervical - relata a costureira.
Anderson comprou a moto para passear. Em um cruzamento da cidade, foi atropelado por um motorista que avançou o sinal. - Por causa de cinco segundos que o senhor poderia ter esperado no farol, aconteceu o que aconteceu comigo - diz o analista.
O gerente Élson tinha apenas 50 quilômetros de estrada pela frente. Para escapar de um carro na contramão, capotou. Quatro meses depois, ele ainda tenta se acostumar com a paralisia que o prendeu a uma cadeira de rodas. - As pessoas em geral vêem cadeirantes, deficientes, imaginam que eles simplesmente não andam. É o que eu também pensava. Mas na verdade tem muitos outros comprometimentos - lamenta.
O centro de reabilitação mais movimentado do país é a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de São Paulo, que faz cerca de 2,5 mil atendimentos diários. São pessoas com seqüelas de todos os tipos. É nesse centro que gente como Élcio e Rosângela consegue reconstruir a vida, mas é preciso muito sacrifício e as conseqüências são para sempre. No primeiro semestre deste ano, os acidentes de trânsito fizeram uma triste ultrapassagem e deixaram para trás os ferimentos a bala como causa número um de lesões de medula.
- Aquele que nasce deficiente físico tem uma característica, alguém que se torna deficiente tem todo um sofrimento psicológico a ser trabalhado. É um grande desafio - afirma Eduardo de Almeida Carneiro, presidente da AACD.
- Não basta só conhecer as normas de trânsito, nem nada. Tem que conscientizar que ele fazendo tudo que é certo, ainda é pouco - espera Élcio.
- É um minutinho só pra você se machucar, pra você se recuperar é uma eternidade - finaliza Rosângela.