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Capítulo 2: Cuidados com a manutenção da moto

Capítulo 2 do Manual de JC Salvaro

Todo motociclista consciente preocupa-se com a manutenção de sua moto. Uma motocicleta “em dia” dificilmente deixa seu dono “na mão”. Mesmo que ela não esteja apresentando nenhum problema aparente, ainda assim, é muito importante que se façam as chamadas “manutenções preventivas”. Estas revisões são importantes para que a motocicleta - que está aparentemente boa - continue realmente boa e não apresente problemas. Geralmente, recomenda-se efetuar as revisões a cada 5.000, 10.000 ou 15.000 km, dependendo do fabricante, modelo, frequência e tipo de utilização.
Manter a motocicleta em bom estado de conservação é um dos itens que formam a pilotagem defensiva. Só para dar um exemplo, não é nada seguro você ficar com sua moto parada no meio do trânsito (devido a uma pane repentina) em meio a veículos que passam em alta velocidade. O risco de algum motorista não o ver (a tempo) ou não poder desviar é grande. Isto poderia ocorrer, por exemplo, se sua moto apagar ou começar a falhar quando da abertura do sinal. Os veículos que vêm atrás podem dar “de cara” com você parado bem no meio da avenida.
A simples troca de óleo e filtro não pode ser considerada uma revisão. É obrigação elementar de qualquer motociclista efetuar estas trocas na periodicidade recomendada no manual da moto. A quilometragem para a troca de óleo normalmente varia entre 1.500 e 3.000 km, dependendo da marca, do modelo, e até do tipo de utilização da moto. A substituição do elemento do filtro de óleo deve ocorrer a cada duas trocas de óleo. O óleo é o elemento que mais contribui para a “saúde” do motor.
Numa revisão, deve-se solicitar uma ampla verificação. Os principais itens a serem verificados são os seguintes: limpeza de carburador ou injeção, conforme o caso; limpeza ou substituição das velas; regulagem de válvulas; limpeza, ajuste e lubrificação da corrente de transmissão, ou checagem do óleo para as que possuem eixo cardã; ajuste e lubrificação dos cabos de comandos (embreagem, acelerador, freio, afogador); verificação dos rolamentos das rodas e da coluna de direção; verificação da parte elétrica, checando se não há nenhuma lâmpada queimada; verificação dos fluídos (radiador, freio, bateria); limpeza ou substituição dos filtros (óleo, ar, combustível); verificação do estado das pastilhas ou lonas de freio; verificação do desgaste dos pneus, etc.
Estando a manutenção da sua motocicleta sempre “em dia”, será pouco provável que ela apresente problemas repentinamente e você se depare com situações de risco no meio do trânsito, rodovias ou lugares inóspitos durante as viagens. E, de quebra, ainda a valoriza.

Alguns cuidados indispensáveis:

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Corrente de transmissão:

Exceto as (caras) motos em que a transmissão secundária é feita por eixo carda (nota 3) ou correia dentada, na grande maioria delas ainda se utiliza a tradicional corrente. A relação (corrente, coroa e pinhão) normalmente é um conjunto caro. As três peças devem sempre ser trocadas simultaneamente, sob pena de a peça nova desgastar-se rapidamente. Com uma boa manutenção, pode-se fazer com que a vida útil do conjunto seja amplamente alongada.

A manutenção da corrente resume-se em lavar, secar, lubrificar e ajustar a folga. Para lavar, usa-se um pincel e querosene. Para lubrificar, pode-se usar graxa branca náutica (impermeável) ou óleo de transmissão (SAE 90, que é um óleo mais grosso). Este procedimento feito a cada 1.000 km - ou antes, se você rodar em estradas de terra -, dará vida longa ao conjunto e dificilmente você ficará “na mão” com uma corrente arrebentada.
Não permita que os lavadores de lava-auto apliquem água quente sob alta pressão na corrente: isto danifica os anéis de vedação.
Periodicamente, verifique e ajuste, se necessário, a folga da corrente, de acordo com o manual do proprietário.

Troca de óleo do motor

é de vital importância para a “saúde” e durabilidade do motor. Troque-o na quilometragem recomendada pelo fabricante (nota 4) (normalmente entre 1.500 e 3.000 km). A troca periódica é importante não apenas para manter a qualidade do óleo que, com o tempo, vai se degradando, mas também para proporcionar as limpezas internas do motor, eliminando detritos que vão se acumulando. Observe a especificação do óleo requerido no manual do proprietário. Faça a troca preferencialmente com o motor quente para que todo o óleo velho escorra. Alguns mecânicos experientes aconselham a troca de óleo, no máximo, a cada 2.000 km, principalmente quando a moto é utilizada no trânsito travado do dia a dia, situação em que o motor trabalha em altas temperaturas.

Pastilhas e lonas de freio

A importância do sistema de freios numa motocicleta dispensa maiores comentários. Verifique periodicamente o desgaste das pastilhas e lonas. A durabilidade destes componentes vai depender muito da forma de condução: pilotagem e freadas agressivas desgastam mais rapidamente as pastilhas; já a pilotagem com moderação, freando de forma gradual e suave, faz aumentar bastante a vida útil delas. Também não se esqueça de checar o nível do fluido e substituí-lo na quilometragem recomendada pelo fabricante (no caso de freio a disco).

Bateria

Atualmente a tendência das motos é vir de fábrica com bateria do tipo “selada”. Este é o tipo mais prático para o motociclista uma vez que não é necessário ficar monitorando e completando o nível do eletrólito. Já nas baterias mais antigas, deve-se frequentemente checar o nível da água e completar sempre que estiver abaixo da faixa delimitada. Procure não exceder a faixa superior, assim evitando vazamentos, pois o líquido danifica a pintura da moto (é altamente corrosivo). Complete o nível usando somente água destilada. O uso de água corrente irá danificá-la. A vida útil da bateria depende muito desta verificação. Cuidado com o eletrólito da bateria, pois ele é venenoso e perigoso (contém ácido sulfúrico), podendo causar graves queimaduras. Evite qualquer contato com a pele, os olhos e a roupa.

Se você não roda com a moto diariamente, pelo menos uma vez por semana dê a partida no motor e deixe-o funcionando durante alguns minutos para carregar a bateria. Se a moto ficar parada por muito tempo, fatalmente a bateria irá descarregar-se. Se a moto estiver com dificuldades em dar a partida, não pressione o botão “Start” por mais de três segundos. Espere pelo menos dez segundos antes de nova tentativa. Cada nova tentativa deve ser o mais curta possível para preservar a bateria. Evite dar a partida na moto com o farol ligado, principalmente se o motor estiver frio.

Lavagem da motocicleta

Procure manter sua moto sempre limpa. Isso ajuda a proteger a pintura e os cromados, além de valorizá-la e aumentar sua durabilidade. Comece a lavar de cima para baixo. Não deixe o sabão secar. Nunca a lave sob o sol ou com o motor quente, nem use produtos químicos ou solventes. Use apenas água, sabão ou detergente neutro. Nas partes mais difíceis de limpar, para retirar graxa e óleo, pulverize uma mistura de água e querosene. No geral, use um pano ou esponja macia, principalmente na bolha (para-brisa) para não a arranhar. No final, passe uma cera protetora nas partes pintadas ou cromadas (use algodão, flanela ou uma pequena esponja).

A cera faz com que a limpeza dure mais. Para uma limpeza mais apurada retire o tanque, banco, carenagem e tampas laterais, permitindo assim acesso a lugares mais escondidos.

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Não aplique água sob alta pressão em alguns locais como painel de instrumentos, ignição, interruptores do guidão, carburador, colmeia do radiador, saídas do escapamento, sob o tanque ou assento, filtro de ar, CDI, chicote e fusíveis.
Não aplique querosene, óleo diesel ou qualquer outra coisa nos discos de freio que os deixem lisos (haverá praticamente perda total da eficiência dos freios), podendo provocar graves acidentes. Experimente os freios antes de sair com a moto após a lavagem. Não deixe entrar água no cano do escapamento. Para evitar isso use um saco plástico para tapá-lo durante a lavagem.
No final, enxágue a moto com abundância e aproveite para lubrificar os cabos de comando (acelerador, embreagem, afogador).

Notas:

3 – As vantagens da transmissão por eixo carda são: “menor manutenção, já que passam tranquilamente dos 100.000 km; mais conforto, porque não produz nem ruído nem vibração característicos das correntes de metal; maior confiabilidade, pois é muito mais difícil de quebrar do que as correntes com elos de metal; limpeza, uma vez que o sistema é isolado dentro de um túnel de liga leve e não espirra óleo, como nas correntes; resposta imediata, porque a rigidez de todo o sistema transmite quase instantaneamente as alterações de rotação do motor para a roda traseira. No entanto, a transmissão por eixo carda tem seus inconvenientes, como o maior peso do sistema completo e o custo de produção elevado, em comparação às correntes.” Revista Motociclismo, nº 79, pág.70.

4 – Segundo o manual da Honda CG 125, o óleo deve ser trocado a cada 1.500 km.

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