Extratos
“Se excluíssemos os motociclistas dos cálculos, veríamos que entre 1996 e 2010 o número de mortes no trânsito cairia de 33,9 mil para 27,5 mil, o que representa uma diminuição 18,7% nesse período. As taxas cairiam mais ainda: de 21,6 óbitos para cada 100 mil habitantes para 14,4. Isto é uma queda bem significativa de 33%. Assim, na atualidade, as motocicletas constituem o fator impulsor de nossa violência cotidiana nas ruas, fato que deve ser enfrentado com medidas estratégicas adequadas à magnitude do problema.”
“A coluna 10 desta tabela, “% do total”, permite verificar a crescente importância que vem adquirindo a motocicleta no contexto veicular do país.
Em primeiro lugar, devemos constatar que o uso maciço da motocicleta é um fenômeno relativamente recente. Segundo o próprio Denatran, ainda em 1970 era um item de baixa representatividade: num parque total de 2,6 milhões de veículos, só existiam registradas 62.459 motocicletas: 2,4% do parque. Já em inícios da década analisada, no ano 2000, temos 4 milhões, o que representa 13,6% da frota total do país. Para 2010, o número pula para 16,5 milhões, representando 25,5% do total nacional de veículos.”
Mas o que realmente impressiona é o ritmo de crescimento do número de motocicletas. Nos anos iniciais da década 2000/2010, esse ritmo foi em torno de 20% ao ano5, ultrapassando largamente o propalado crescimento dos automóveis. Se entre 1998 e 2010 a frota de motocicletas cresceu 491,1%, isto é, quase seis vezes, a de automóveis só cresceu 118%, duplicando seu número, mas com ampla divulgação da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – e cobertura da imprensa.
Além do forte crescimento do número, outro dado inquietante é o da mortalidade dos acidentes de motocicleta, quando se relativiza pelo tamanho da frota existente.
a. Em primeiro lugar, podemos verificar que, entre 1998/2010, a taxa de óbitos dos motociclistas oscilou de um mínimo de 67,8 mortes por cada 100 mil motocicletas em 1998 até um máximo de 101,1, com uma média de 91 óbitos também em cada 100 mil motocicletas registradas.
b. Nessa mesma década, o número de vítimas de automóveis oscilou de um mínimo de 30 em 2009 até um máximo de 41,5 em 1999, com média de 36,8 mortes por cada 100 mil automóveis registrados. Isto é, a mortalidade das motocicletas por veículo foi 146,3% maior que a dos automóveis.
c. Bem mais preocupante ainda, se a frota de motocicletas cresceu 491% no período, as mortes de motociclistas cresceram 610%. Noutras palavras: 491% do incremento da mortalidade devem-se ao aumento drástico da frota de motocicletas. Mas o restante – 119% (a diferença entre ambas as porcentagens) – só pode ser interpretado como um aumento do risco motocicleta no trânsito.
d. Já com o automóvel aconteceu o processo inverso: a frota aumentou 118% e as vítimas de acidentes com automóvel, 72%. Assim, por motivos diversos, o risco automóvel caiu 46 pontos porcentuais no período.”
As tabelas com os dados de óbitos em acidentes de trânsito dos 2.169 municípios com mais de 15.000 habitantes encontram-se disponíveis em: www.mapadaviolencia.org.br.
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