O Detran/AL, por meio do Serviço de estudos de acidentes e infrações de trânsito, da Coordenadoria de Segurança do Trânsito (CST), apresenta neste documento um relatório comparativo dos dados de acidentes de trânsito no estado de Alagoas, referentes aos últimos 4 anos (2007 a 2010), registrados pelo Instituto Médico Legal (IML) e pelos boletins de ocorrência da perícia do Detran/AL, do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O relatório apresenta:
1. Número total de acidentes;
2. Porcentagem de acidentes com vítimas por período do dia;
3. Porcentagem de acidentes com vítimas por área (urbana ou rural);
4. Registro de atropelamentos;
5. Registro de atropelamentos de animais;
6. Registro de automóveis, motocicletas, motonetas e ciclomotores envolvidos em acidentes;
7. Porcentagem do total de acidentes com vítimas em que estiveram envolvidas motocicletas, motonetas e ciclomotores;
8. Condutores envolvidos em acidentes com e sem vítimas;
9. Condutores envolvidos em acidentes segundo o sexo;
10. Condutores menores de 18 anos envolvidos em acidentes;
11. Comparativo do número de vítimas feridas e mortas;
12. Evolução da mortalidade em Maceió e Alagoas;
13. Porcentagem de mortos entre as vítimas de acidentes segundo o sexo;
14. Vítimas ciclistas e pedestres;
15. Mortos registrados pelo IML em 2009 e 2010;
16. Vítimas feridas e mortas de acordo com a faixa etária
Número total de acidentes
De 2007 a 2010 foi registrado um aumento de 33,27% e 25,63% no número de acidentes com e sem vítimas respectivamente. O número de acidentes envolvendo motonetas e ciclomotores foram os que apresentaram maior incremento neste mesmo período, algo em torno de 400%.
Porcentagem de acidentes com vítimas por período do dia
Ainda que em torno de 2/3 dos acidentes aconteçam durante o dia, é o período da noite o mais perigoso para trafegar, principalmente em rodovias, já que neste turno os acidentes tendem a ser de maior gravidade, conforme é possível destacar no gráfico acima.
Porcentagem de acidentes com vítimas por área (urbana ou rural)
Ocorrem mais acidentes com vítimas em área rural porque estas são cortadas por rodovias, potencialmente mais perigosas que as ruas e avenidas dentro das cidades.
Registro de atropelamentos;
Nos últimos quatro anos, em média, 98% dos atropelamentos geraram vítimas, assim os outros 2% foram desconsiderados neste gráfico, visto que o número não é proporcionalmente significante. No ano de 2010 o número de pedestres mortos representou quase um quarto do total de vítimas fatais no trânsito de Alagoas.
Registro de atropelamentos de animais
A proximidade de animais em relação às vias de tráfego representa um risco potencial de acidente de trânsito. Em cerca de 1/3 dos atropelamentos de animais alguém acaba ferido ou morto, devido ao forte impacto que costumam provocar estes acidentes.
Registro de automóveis, motocicletas, motonetas e ciclomotores envolvidos em acidentes
O número de automóveis que se envolve em acidentes de trânsito cresce anualmente, porém nada comparado aos números relacionados a motocicletas, motonetas e ciclomotores. Basta observar a curva acentuada dos gráficos correspondentes, principalmente o último, referente a motonetas e ciclomotores.
Porcentagem do total de acidentes com vítimas em que estiveram envolvidas motocicletas, motonetas e ciclomotores
A quantidade de acidentes que teve o envolvimento de motocicletas nos últimos quatro anos representa cerca de 9% do total. No entanto, estes mesmos 9% representam aproximadamente 22% do total de acidentes com vítimas. Os dados de 2010 apontam que 77% dos acidentes envolvendo motos geraram pelo menos uma vítima, o que representa a maior proporção dentre os veículos automotores envolvidos em acidentes.
Condutores envolvidos em acidentes com e sem vítimas;
(Por faixa etária)
Condutores envolvidos em acidentes segundo o sexo
Conforme se pode constatar no gráfico, as mulheres tendem a envolver-se em acidentes de menor gravidade
Condutores menores de 18 anos envolvidos em acidentes;
Em média, 64,20% (71,43% em 2010) dos acidentes que envolvem condutores menores de 18 anos (sem habilitação, consequentemente) acabam gerando vítimas. Esta proporção não chega a 35% e a 28% nas faixas etárias que mais apresentam vítimas de acidentes: de 18 a 29 anos e de 30 a 59 anos, respectivamente.
Comparativo do número de vítimas feridas e mortas;
O número real de vítimas de acidentes é bem maior do que o registrado pelos órgãos de trânsito já que a perícia não é chamada em todos os acidentes. O número de mortos também tende a ser maior do que o registrado, não só pelo motivo supracitado, mas também pelo fato de que os órgãos de trânsito só estão registrando como vítimas fatais aquelas que morrem no local do acidente, sendo que muitas delas vêm a falecer nos hospitais ou a caminho deles.
Evolução da mortalidade em Maceió e Alagoas;
Os números dos hospitais e do IML aproximam-se mais da realidade e mostram um cenário muito problemático, com um aumento no número de vítimas significativo ao longo dos anos. Em 2010 houve um aumento de 53,8% e de 30,7% no número de mortos em acidentes de trânsito em Maceió e Alagoas, respectivamente, segundo o IML.
Porcentagem de mortos entre as vítimas de acidentes segundo o sexo;
Enquanto, em média, 6,52% dos homens envolvidos em acidentes de trânsito morreram no período de 2007 a 2010, esta proporção não chegou a 5% no caso das mulheres. Ou seja, independentemente de serem passageiros, estarem conduzindo um veículo ou caminhando, os homens morrem mais no trânsito do que as mulheres.
Vítimas ciclistas e pedestres;
Ciclistas e pedestres, juntamente com motociclistas, são os usuários mais vulneráveis no trânsito. Juntos, eles representam mais da metade do número de mortos em acidentes de trânsito, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios, através do estudo "Mapeamento das mortes por acidentes de trânsito no Brasil" referente aos dados do ano de 2007. Os números apresentados nos gráficos acima certamente são maiores, de fato, visto que, muitas vezes, acidentes envolvendo ciclistas e pedestres não são registrados pelas perícias.
Mortos registrados pelo IML em 2009 e 2010;
Em 2010, segundo o IML, morreram no trânsito de Alagoas 788 pessoas. Este número põe Alagoas em um cenário similar a dos países com mais violência no trânsito do continente africano, com um índice de mortos / 100.000 habitantes girando em torno de 25, quando o índice do Brasil gira em torno de 19.
Vítimas feridas e mortas de acordo com a faixa etária;
Mais de um quarto das vítimas de acidentes de trânsito estão dentro da faixa etária de 18 a 29 anos, justamente a fase de formação acadêmica e profissional com entrada e desenvolvimento no mercado de trabalho. O envolvimento em acidentes muitas vezes limita ou anula a capacidade produtiva destes jovens causando, além de um significativo custo econômico, um forte impacto social com perdas humanas imensuráveis.
A violência no trânsito tem se intensificado consideravelmente no Brasil, o que, lamentavelmente, configura uma realidade que é compartilhada com os outros países em desenvolvimento. Diversos estudos apontam uma ligação entre o nível de desenvolvimento econômico e social à problemática do trânsito e a suas inerentes consequências. Alagoas, um dos estados mais pobres do País, não escapa deste alarmante contexto.
Dentre os números analisados pela Coordenadoria de Segurança do Trânsito do Detran/AL, os que mais chamam a atenção são os relacionados à grande quantidade de vítimas de acidentes dentro da faixa etária de 18 a 29 anos, ao aumento vertiginoso de acidentes envolvendo motocicletas, motonetas e ciclomotores e ao número crescente de mortos no trânsito. Em 2010, segundo dados do Instituto Médico Legal, foram registradas 788 vítimas fatais no trânsito do Estado.
Todos os anos milhares de pessoas acabam vítimas de lesões de maior ou menor gravidade ou de mortes prematuras que significam um grande peso para a sociedade alagoana. Estima-se2 que somente em 2010 o custo dos acidentes de trânsito ultrapassou a cifra dos R$ 230 milhões em despesas que vão desde remoção de veículos, atendimento médico e reparação de sinalização das vias a pagamento de seguros e encargos de processos judiciais. Além disso, há um imensurável custo social decorrente de fatores ambientais e de perdas de vidas e lesões permanentes, desestabilização familiar, traumas, estresse etc.
Este cenário precisa ser mudado e há várias formas de fazê-lo, através de mudanças nos elementos básicos envolvidos em acidentes de trânsito: as pessoas, os veículos, a via/entorno, o aparato institucional e os aspectos socioambientais. Neste processo, o governo possui grande importância, sobretudo no âmbito das normas e instituições, concentrando-se no tripé: educação, planejamento e fiscalização do trânsito. No entanto, as entidades privadas e, principalmente, os próprios usuários do trânsito devem assumir a responsabilidade que lhes é cabível, visto que o trânsito é composto por todos os elementos da estrutura social.
A maior parte dos acidentes de trânsito é causada por comportamentos inadequados dos condutores em atos de imprudência, desatenção e irresponsabilidade. Seria possível lograr uma redução significativa no número de acidentes, portanto, se todos os condutores praticassem, de fato, a direção defensiva, zelassem pela manutenção de seus veículos, respeitassem as normas de tráfego e somente conduzissem seus veículos em condições adequadas.
Assim, convocamos toda a sociedade civil a contribuir com o objetivo de diminuir a violência no trânsito. Cada um pode adotar posturas simples, porém de grande importância. Estas recomendações servem para todos os que compõem o ambiente do trânsito, inclusive ciclistas e pedestres:
O Detran-AL, em conjunto com outros órgãos de trânsito e entidades públicas e privadas, tem a incumbência de levar a cabo ações que contribuam à conscientização, educação e fiscalização da população, que melhorem a fluidez e a segurança do tráfego.
Este trabalho está sendo feito.