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Caracterização dos acidentes de trânsito em rodovias de Santa Catarina

Texto elaborado pelo Núcleo de Estudos sobre Acidentes de Tráfego em Rodovias – NEA

Laboratório de Transportes e Logística – LabTrans

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Florianópolis, junho de 2011.

(Publicado no portal Labtrans da Universidade Federal de Santa Catarina, 21/06/2013)

Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS (2009) os ferimentos causados por acidentes de trânsito são um importante problema de saúde pública em níveis globais, regionais e nacionais, onde muito ainda precisa ser feito para interromper ou reverter a tendência crescente de mortes no trânsito.

A busca das soluções para problemas de segurança viária requer estudos dos acidentes de forma detalhada, pois além da perda de vidas, da incapacitação permanente ou temporária, dos ferimentos físicos e psicológicos e das consequências diretas na produção econômica nacional, os acidentes de trânsito também acarretam outro tipo de prejuízo, que diz respeito aos seus vultosos custos ao governo.

Assim, a valoração monetária dos custos dos acidentes vem sendo utilizada como instrumento para a análise econômica e priorização de obras corretivas em segmentos considerados como críticos (DNIT, 2004). Dentro de tal conceito, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT, através do Instituto de Pesquisas rodoviárias – IPR, apresentou um estudo técnico na área de custos de acidentes que teve como resultado valores unitários dos acidentes de acordo com gravidade dos envolvidos.

A fim de visualizar um cenário no estado de Santa Catarina, estes valores unitários foram aplicados sobre informações de acidentes dos anos de 2008 a 2010 das rodovias federais e estaduais do Estado e resultaram em expressivos valores monetários gastos nesses 3 (três) anos como mostra a Tabela 1, sendo possível observar que, em média, gasta-se R$1 bilhão por ano no estado.

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Com uma população de 6.248.436 habitantes, conforme último censo (IBGE, 2010), Santa Catarina vêm observando uma crescimento destes impactantes números ao longo dos anos, onde constatou-se que para o período entre 2008 e 2010 ocorreu um aumento no número total de acidentes registrados no Estado (Figura 1) de 11% de 2008 para 2009 e um aumento de 6,5% entre 2009 e 2010.

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DNER (1998) afirma que o risco potencial de acidentes é aumentado quando o volume de tráfego ultrapassa os níveis de capacidade da via, gerando excesso de ultrapassagens e de congestionamentos, utilização do acostamento como faixa de rolamento, além de conflitos entre pedestres e veículos. Em Santa Catarina, dados atualizados sobre volumes de tráfego de rodovias federais e estaduais remetem às medições realizadas do ano de 2007 através do Plano Diretor Rodoviário (DEINFRA, 2007) não sendo possível analisar eventuais relações dos acidentes de trânsito com eventual evolução do número de veículos passante nestas rodovias.

Ainda que não exista um monitoramento do volume de tráfego das rodovias do estado, o Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina - DETRAN/SC (2011) apresenta informações atualizadas sobre a frota de veículos do Estado de Santa Catarina, onde para o ano de 2008 a mesma era composta por 2.937.056 veículos e no ano de 2010 este número subiu para 3.436.107 veículos, ocorrendo aí um aumento de 17% da frota do Estado.

Ainda que a evolução destes valores não esteja diretamente relacionada com os volumes de tráfego das rodovias do Estado, ela pode ocupar alguma porcentagem de contribuição no aumento do número de acidentes ao longo dos 3 anos de análises.

Tratando da gravidade dos acidentes, foi possível observar ainda que assim como o total de acidentes, todas as classificações de gravidade dos acidentes tiveram incrementos em seus valores. Dentro do período de 3 anos (2008 a 2010), de um total de 83.476 acidentes ocorridos no trecho, 2,61% (2.178 acidentes) foram com mortos, 38,92% possuíram vítimas e 58,47% dos acidentes ocorreram sem vítimas como se observa na Figura 2.

Entretanto, de acordo com Branco (1999), é importante reconhecer que esses números são conservadores, na medida em que muitos registros de acidentes não são feitos e, mais ainda, se desconhece o número de feridos que vem a falecer posteriormente.

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Associando apenas os acidentes com mortos de 2010, ano com dados mais atuais para o Estado, à extensão de rodovias pavimentadas (estaduais e federais) de Santa Catarina para o ano de 2010 (11.736,53km), encontra-se uma taxa de aproximadamente 2 acidentes com mortes a cada 10km de extensão.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2008), através de um estudo sobre os fatores condicionantes da gravidade dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras, concluiu que além dos atropelamentos de pedestres, os acidentes que implicam em maiores gravidades dos envolvidos são as colisões frontais.

Para Santa Catarina, foi possível constatar (Figura 3) que os abaloramentos (30%) ocupam a primeira posição na tipologia de acidentes mais frequentemente observada nas rodovias federais e estaduais para o periodo de 3 anos analisado, sendo seguido pelas colisões (29%) e saídas de pistas (14%).

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Ainda que os abalroamentos tenham sido predominantes em sua frequência de ocorrência, tem-se que as rodovias federais (dados para os quais houve disponibilidade da distribuição da gravidade conforme tipologia) seguem o padrão de gravidade identificado por IPEA (2008) onde os acidentes do tipo colisão frontal e atropelamento implicaram nas maiores gravidades dentro do Estado (Figura 4).

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Através da caracterização dos acidentes no estado, utilizando como base de referência informações sobre as rodovias estaduais e federais de Santa Catarina (anos de 2008 a 2010), fica evidente que a gravidade dos acidentes ocupa valores significativos nas estatísticas de acidentes de trânsito. Assim, é clara a necessidade de um tratamento especial a locais não só que concentrem os acidentes, mas que também possuam índices significativos que relacionem o fenômeno estudado como um todo, incluindo a gravidade dos acidentes ali ocorridos ou a quantidade de viagens efetuadas em período equivalente ao das ocorrências, além de variáveis do ponto de vista físico, geométrico e operacional da rodovia.

Destaca-se ainda que os dados analisados expressaram uma crescente evolução em seus valores e ações sobre a segurança viária das rodovias do estado deverão ser desenvolvidas a fim de erradicar ou reduzir tais estatísticas.

REFERÊNCIAS

Batalhão de Polícia Militar Rodoviária – BPMRv. Dados Estatísticos. Disponível em: http://www.pmrv.sc.gov.br/informacoes_a_sociedade/dados_estatisticos/. Acesso em: junho, 2011.

Branco, A. M. . Segurança Rodoviária. Editora CL-A. São Paulo, 1999. 109 p.

Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico. Divisão de Pesquisas e Desenvolvimento. Guia de redução de acidentes com base em medidas de engenharia de baixo custo. (IPR. Publ., 703). Rio de Janeiro, 1998. 140p.

Departamento Estadual de Infraestrutura – DEINFRA. Estado de Santa Catarina. Secretaria do Estado de Infraestrutura. Plano Diretor Rodoviário para o Estado de Santa Catarina. Dados de Tráfego de 2007. Volumes I e II. Florianópolis, 2007.

Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN/SC. Frota de Veículos no Estado de Santa Catarina (2003 – 2011). Disponível em http://www.detrannet.sc.gov.br/Estatistica/Veiculos/geral.asp. Acesso em junho, 2011.

DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Estatísticas de acidentes. Disponível em: http://www.dnit.gov.br/menu/rodovias/estat_acid . Acesso em: junho, 2011.

DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Plano Nacional de Viação - PNV. Disponível em http://www.dnit.gov.br/plano-nacional-de-viacao/pnv-2010-relacao-de-trechos-xls/PNV%202010%20-%20jan%202011.xls/view. Acesso em: junho, 2011.

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria Geral. Diretoria Executiva. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Custos de acidentes de trânsito nas rodovias federais: sumário executivo. Rio de Janeiro, 2004. 33p.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Banco de Dados – Estados. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/tabelas_pdf/Santa_catarina.pdf Acesso em: junho, 2011.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Texto para discussão n° 1344. Fatores Condicionantes da Gravidade dos Acidentes de Trânsito nas Rodovias Brasileiras. Brasília, 2008. 27 p.

Organização Mundial da Saúde – OMS. Global status report on road safety: time for action. WHO Library Cataloguing-in-Publication Data. ISBN 978 92 4 156384 0. Geneva, 2009.

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palavras-chave: acidente, trânsito, rodovia, Santa Catarina, SC

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