A Escola Pública de Trânsito de Caxias do Sul (RS)
O município gaúcho de Caxias do Sul também é pioneiro em matéria de Escola Pública de Trânsito.
Marina Lemle
A cidade sedia a primeira EPT do estado do Rio Grande do Sul, criada em 2004. Diversos projetos são desenvolvidos por esta EPT.
A Comissão Interna de Prevenção contra Acidentes e Violência Escolar (Cipave) tem uma parceria com a EPT cujo objetivo é promover a mudança comportamental no trânsito, principalmente nas áreas escolares. O trabalho é realizado primeiramente com os professores, depois com os pais e por último com os alunos. O projeto é desenvolvido nas escolas municipais (foto).
Em escolas também é desenvolvido o projeto Escola Segura, que incentiva a reflexão por parte de diretores, professores, funcionários e toda a comunidade escolar. Após a comunidade escolar estar sensibilizada com o tema, os alunos trabalham com atividades adequadas a cada faixa etária e a realidade da sua escola. Diferente da Cipave, que atua somente com escolas municipais, a Escola Segura faz o mesmo trabalho só que com escolas estaduais e particulares.
Outro projeto envolvendo crianças é o Patrulha Mirim, que treina alunos de escolas para auxiliarem os colegas menores na travessia da rua em frente a escola. Os patrulheiros recebem uniformes e material de apoio para atuar no projeto.
A EPT também participa de blitzes educativas, abordando veículos parados pela fiscalização e distribuindo materiais. Também são realizadas pela EPT atividades especiais e comunitárias, como ações na Festa da Uva, eventos, colônias de férias de empresas e palestras em centros assistenciais. Na Semana Internacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho são realizadas palestras em empresas públicas ou privadas, com o objetivo de fomentar um comportamento seguro no trânsito. Os temas abordados são alcoolemia, velocidade, cinto de segurança, capacetes e sistema de retenção. Todos os assuntos estão dentro da prerrogativa da Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020.
Para adultos que cometeram infrações, a mudança de comportamento é a meta da parceria da EPT com o Juizado Especial Criminal (Jecrim). A pena complementar aos infratores é a participação em palestra de sensibilização para o trânsito.
Para quem tem medo de dirigir, realiza-se a cada dois meses a palestra “Superando o Medo de Dirigir”, na qual são debatidos os motivos, as possíveis soluções e as melhores formas para superar a dificuldade.
Para mulheres, a EPT oferece o curso Mecânica de Batom, gratuito, visando incentivar o conhecimento de mecânica básica para as mulheres interessadas. A periodicidade é mensal e, a cada três meses, é feita uma edição avançada, para aprofundar o conhecimento das participantes do primeiro módulo (foto).
Há ainda encontros com alunos dos Centros de Formação de Condutores, com o objetivo de aproximar os fiscais dos condutores em uma situação diferente das usuais, isto é, fora do cometimento de uma infração de trânsito ou de um acidente.
Em 2012, a EPT gaúcha acrescentou em 2012 mais dois novos projetos, o Papo Franco e a Capacitação de Servidores.
O Papo Franco é uma atividade voltada ao público adolescente do 2º ano do ensino médio de escolas caxienses. O objetivo do projeto é conscientizar o público entre 16 e 17 anos, que ainda não é condutor, mas que utiliza muito a carona e é atingido estatisticamente pelos acidentes relacionados a alcoolemia. Nas conversas são mostradas as consequências dos acidentes, com ou sem vítimas fatais, através de falas de familiares e de pessoas que sofreram acidentes de trânsito graves. O projeto é uma parceria com a empresa Visate de transporte coletivo e a CDL Jovem (Câmara de Dirigentes Lojistas).
O objetivo da Capacitação dos Servidores é aumentar a qualidade de serviço prestado, através de informações, bem como atualizar questões de legislação. Diferente da Capacitação Interna, onde são oferecidas palestras apenas para a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, esse projeto expande as atividades para todos os servidores da Prefeitura Municipal. O primeiro exemplo desse projeto foi a Atualização de Legislação de Trânsito. O curso teve duração de 8h e foi oferecido a todos os servidores nomeados motoristas no exercício da função.
Para a Gerente de Educação para o Trânsito Juliana Steffens, a educação para o trânsito precisa ser pensada como processo de convivência, movido através da comunicação, nas suas diversas linguagens, destacando um diálogo multicultural, com intenção de promover as relações pacíficas entre os seres humanos. “A tranquilidade no trânsito deve ser entendida não de modo abstrato, mas pela reflexão sobre a experiência histórica e regional. Esse enfoque possibilita instaurar em todos os níveis de educação e fora do ambiente escolar, para o público leigo e para os especialistas. Portanto, a paz no trânsito deve ser pensada em sua realidade, não somente em função de um ideal teórico, mas com atitudes, ações e a participação efetiva da comunidade”, afirma.