A Escola Pública de Trânsito do Distrito Federal
O Distrito Federal criou a primeira Escola Pública de Trânsito
Marina Lemle
De acordo com Marcelo Granja, diretor da EPT do Distrito Federal, a experiência começou em 1991 – 15 anos antes da resolução 207 - através da criação de uma lei distrital que visava a educação de condutores. A obrigatoriedade de aulas presenciais começou em 1993 para todos os novos condutores habilitados, o que durou até o fim de 1997, quando o Centro de Formação de Condutores absorveu estas atividades. A EPT-DF propriamente dita veio após a Resolução.
Na Diretoria de Educação do Detran-DF há duas gerências: uma que cuida das campanhas educativas, com palestras e abordagens lúdicas, e a EPT, onde são ministrados todos os cursos previstos na lei para o benefício da população. A EPT tem uma biblioteca e oferece os cursos de reciclagem para infratores, direção defensiva gratuito, aberto a todos, mecânica para mulheres e iniciação à superação do medo de dirigir, só para habilitados que não conseguem conduzir por fobia.
O curso para superação do medo de dirigir tem módulos teórico e prático, com veículo estático. Um psicólogo trabalha o que gerou o medo de dirigir na pessoa e a ajuda a refletir sobre seu estado emocional, de forma que possa se sentir segura para voltar à condução. “O resultado é surpreendente: segundo depoimentos colhidos 20 dias após o fim do curso, até 70% das pessoas voltam a conduzir, porque aceitam o problema e têm contato com outras pessoas, favorecendo a auto-ajuda”, conta.
A Gerência de Educação também promove palestras em empresas, prepara instrutores para o trânsito e ensina primeiros-socorros, seja dentro de outras disciplinas ou por demandas específicas de instituições. Granja lembra que outra resolução do Contran, a 265, prevê que se leve a formação a escolas do ensino médio, com 90 horas-aula – o dobro que o Centro de Formação, voltado para auto-escolas, exige. O projeto existe no DF há três anos como curso extra-curricular para escolas que queiram participar. Oito turmas do Centro Educacional Católico já foram formadas, e este ano todas as turmas do colégio farão o curso. Outros colégios estão em negociação. O projeto também deverá ser iniciado na rede pública, mas antes é preciso que a Secretaria de Educação contrate instrutores de trânsito.
Outro projeto do Detran DF é o Edutran, que forma professores a partir do quarto semestre da Faculdade de Pedagogia. As faculdades, por sua vez, multiplicam o conhecimento em escolas públicas, do primeiro ao sexto ano, com um curso de 60 horas - 40 presenciais e 20 a distância. O conteúdo trabalha “ser pedestre”, “ser passageiro” e “ser ciclista”, e os futuros pedagogos (monitores) usam os materiais próprios do curso.
“A criança não é tratada como futura condutora, mas sim como criança no trânsito, ensinando-a a ser pedestre, passageira e ciclista, criando novas referências que não o carro”, explica. Depois há uma formatura dos alunos, com diploma entregue aos pais, de maneira a envolver a sociedade. Em 2012, foram formados 550 alunos (foto), e há 44 monitores em formação.
Paralelamente, palestras em escolas são constantes, assim como a apresentação de três peças teatrais – para nível infantil, fundamental e para médio e adultos. Durante as férias, o projeto Férias em Trânsito promove dois jogos educativos em shoppings e instala brinquedotecas com desenhos de trânsito para as crianças pintarem em locais públicos de grande visitação. “Hoje a EPT-DF e a Diretoria de Educação são uma referência para outros estados”, orgulha-se Granja.