Capítulo 1 do Manual de JC Salvaro
A motocicleta é, sem dúvida, um dos meios de locomoção mais versáteis que existem, e o Brasil um dos maiores mercados mundiais de veículos de duas rodas. Em 2004, foram produzidas 1.057.333 motos, sendo 157.400 para exportação. A cada dia, mais pessoas estão aderindo a este meio de transporte. A motocicleta oferece muitas vantagens em relação ao automóvel. Vamos ver as principais:
A motocicleta nos proporciona circularmos pelo trânsito com muito mais desenvoltura em relação aos automóveis. O trânsito nas grandes cidades está cada vez mais congestionado e violento. Anualmente, milhões de veículos novos são “despejados” nas ruas. E a infra-estrutura das vias de circulação (ruas, estradas, viadutos, pontes, etc.) está longe de ser aumentada na mesma proporção. É muito veículo disputando o mesmo espaço. As motos conseguem deslocar-se entre os carros graças às suas pequenas dimensões. Os “corredores” que se formam entre as fileiras de carros são caminhos livres para as motos, mas isto exige cautela. Durante o transcorrer deste livro, vamos ver os cuidados que se deve ter ao trafegar por estas “vias”. O Código de Trânsito Brasileiro – ao contrário do que alguns pretendiam durante sua elaboração - não proíbe a circulação nestes vãos. Caso o fizesse, em muito estaria comprometida a agilidade da moto. No Brasil, o uso da motocicleta pelos entregadores cresceu vertiginosamente nos últimos anos. Usa-se a motocicleta para entregar de tudo: pizzas, documentos, remédios, água, gás, jornais, revistas e muito mais. Até os Correios e a polícia as utilizam. Imagine se, de uma hora para outra, todos os entregadores do país passassem a utilizar automóveis ao invés de motos: o trânsito seria um caos (ainda maior) e, além disso, haveria um considerável aumento dos custos dos serviços de entrega. A pizza dificilmente chegaria “quentinha”.
Nestes tempos em que a gasolina está com o preço “nas alturas”, a motocicleta apresenta-se cada vez mais como um meio de transporte econômico. Nas motos de baixa cilindrada (até 250cc, que respondem por cerca de oitenta por cento do mercado nacional) o consumo (nota 2) varia de 25 a 50 km/litro, dependendo do modelo, local de utilização (cidade, rodovias), velocidade de condução, etc. Com relação à velocidade, só para se ter uma idéia, o consumo de uma motocicleta a 120 km/h é quase cinqüenta por cento maior do que a 80 km/h. Milhares de pessoas pelo Brasil afora encontraram nas motocicletas uma forma barata de ir ao trabalho, à escola, à faculdade, ao lazer, etc. O preço do transporte coletivo em todo Brasil tem subido tanto nos últimos tempos, que muitos trabalhadores não estão conseguindo pagar a tarifa, levando-os dessa forma, a substituírem o transporte coletivo pela motocicleta, pela economia e rapidez que esta representa.
É claro que as motos de alta cilindrada não são tão econômicas assim, mas as pessoas que possuem este tipo de motocicleta – quase sempre de maior poder aquisitivo - não as têm por economia, mas sim pelo (enorme) prazer que elas lhes proporcionam.
Nas grandes cidades estacionar um automóvel é difícil e caro. Os locais públicos estão cada vez mais restritos, e ainda assim, quase sempre são pagos. Logo, proliferam os estacionamentos particulares que, devido à grande carência de vagas, muitas vezes cobram valores exorbitantes. Como a moto é um veículo de pequenas dimensões, torna-se mais fácil achar uma vaga. Aliás, no espaço tomado por um automóvel, seria possível estacionar seis ou mais motos. De maneira geral, usando uma moto, você consegue chegar mais rapidamente onde quiser, e erá mais fácil conseguir uma vaga para estacionar do que se você for de carro.
Nos últimos tempos, em algumas cidades como Florianópolis e Curitiba, a prefeitura tem criado áreas de estacionamento privativas e gratuitas para motos. Porém, com isso, veio o lado negativo de as motocicletas ficarem proibidas de estacionar nas zonas (públicas) pagas pelos automóveis. Em Florianópolis, estas zonas chamam-se “Zonas Azuis”. Por pressão dos motociclistas, os estacionamentos privativos gratuitos para motos tem crescido bastante em Florianópolis.
Embora os preços das motos tenham subido bastante ultimamente, elas ainda continuam bem mais acessíveis do que os automóveis. Uma motocicleta de 125cc (a mais vendida no Brasil) custa hoje o equivalente a 23 salários-mínimos, enquanto o automóvel mais barato custa cerca de 68 salários-mínimos. A motocicleta torna-se uma opção natural para as pessoas de baixa renda, que vêem neste veículo uma ótima opção para os seus deslocamentos a trabalho e lazer. Da mesma forma, manter uma motocicleta é bem mais barato do que manter um automóvel. As peças de moto e a mão-de-obra correspondentes são mais acessíveis, principalmente para os modelos “populares”.
Também neste quesito - baixo custo de aquisição e manutenção – excluem-se as motos de grande cilindrada, cujos proprietários, como já dissemos, não as têm por economia, e sim por prazer.
Este é um item proporcionado com muita propriedade pelas motocicletas. Realmente, só quem já experimentou a sensação do vento batendo no rosto, a natureza correndo ao lado e uma estrada pela frente sabe do que estamos falando. Com a moto, você não apenas aprecia a paisagem: você faz parte dela. É claro que o conforto proporcionado pelo automóvel é maior. Mas, em relação a isto, o que todos os motociclistas perguntam é: “mas que graça teria ir de carro?” Além disso, de moto você consegue chegar onde não chegaria de carro. E como dizia um antigo comercial, “com a moto você consegue intimidade na primeira saída”. Afinal, a garota vai ter de abraçá-lo para não cair da garupa.
2 - Em testes realizados pela revista Motociclismo, edição 55, pág. 32, a Yamaha Cripton fez 46,8 km/l.
Para continuar a leitura do Manual, clique aqui