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O pneu, composição e estrutura

Primeira parte do Manual TWI - Informações técnicas sobre pneus, de autoria de SINDIPNEUS (pág. 9).

1. COMO TUDO COMEÇOU

Em 1839, o norte-americano Charles Goodyear fez uma invenção acidental. Em seu laboratório, por descuido, deixou cair enxofre em uma borracha que estava em alta temperatura. Goodyear percebeu que essa mistura manteve as propriedades mais valiosas da borracha: a resistência e a elasticidade.

Assim surge o processo de vulcanização da borracha, no qual o enxofre é o seu principal agente, responsável pelas ligações entre as moléculas dos polímeros – que, no caso da borracha, são compostos que podem ser orgânicos ou químicos. Essa descoberta é uma das mais celebradas da história, pois, além de dar forma ao pneu, aumenta a segurança nas freadas e diminui as trepidações nos carros.

2. O PNEU

O pneu é um dos componentes mais importantes de qualquer veículo automotor. É ele que suporta o seu peso, o da sua carga e que faz o contato com o solo. Ele também transforma a força do motor em tração e é responsável pela estabilidade do veículo e pela eficiência da frenagem.

Devido a isso, é importante entender como um pneu é fabricado, conhecer os tipos e as características de cada modelo, bem como suas aplicações.

2.1 Composição do pneu – Matéria-prima

  • Borracha natural
  • Borracha sintética
  • Aço
  • Negro de fumo
  • Óxido de zinco e ácido esteárico
  • Enxofre (agente vulcanizador)
  • Antidegradantes
  • Aceleradores e retardadores
  • Auxiliares de processo

2.2 Borracha natural

O látex é um polímero extraído de algumas espécies vegetais. Dentre elas, a mais importante é a seringueira (Hevea Brasiliensis), árvore nativa da Amazônia, cuja exploração era totalmente extrativista. Isso dificultou o desenvolvimento e o aproveitamento do seu potencial produtivo.

O Brasil foi líder mundial na fabricação e exportação de borracha natural até 1960. Depois dessa época, a demanda se tornou mais intensa e, para atender essa necessidade, o mundo passou a contar com as plantações dos países do sudeste Asiático (Malásia, Cingapura, Tailândia e Indonésia). Esses assumem hoje cerca de 70% da produção mundial de borracha natural.

A seringueira leva oito anos, após o plantio das mudas, para permitir a extração do látex. A produção pode se estender por, no mínimo, 50 anos.

Porém, a borracha natural possui muitos benefícios. Proporciona baixa geração de calor, alta resistência a rupturas, boa resistência a abrasão e tem características elásticas na construção do pneu.

2.3 Borracha sintética

Desenvolvida a partir de 1940, a borracha sintética é um elastômero derivado do petróleo. Em geral, proporciona boas propriedades de tração sem comprometer a resistência a abrasão.

3. O SETOR DE REFORMA DE PNEUS NO BRASIL E NO MUNDO

A reforma de pneus tem um papel fundamental na economia, na saúde e no meio ambiente. O Brasil apresenta o 2º mercado mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. No país norte-americano, a reforma de pneus não só atende a população, mas toda a frota do exército, além dos carros oficiais e dos veículos do sistema de transporte público.

O processo de reforma é praticado no Brasil, há mais de 60 anos, com o nível técnico de padrão internacional. A tecnologia é proveniente dos EUA e dos países da Europa, o que proporciona baixos índices de problemas.

Atualmente, existem no Brasil 1.603 reformadoras de pneus e 18 fábricas de borrachas para a reforma de pneus. As atividades do setor geram mais de 50.000 empregos diretos e, se forem consideradas as demais empresas provenientes desse segmento, tais como revendedores, borracharias e fornecedores, esse número chega a 160.000 postos de trabalho.

O setor de transporte apresenta números importantes sobre a reforma de pneus, pelo fato de o pneu ser o 2º ou o 3º maior custo do transporte rodoviário. O pneu reformado possui rendimento quilométrico semelhante ao novo. No entanto, o valor é 75% mais econômico para o consumidor e apresenta uma redução de 57% no custo/km para o setor de transporte. Observe a significativa economia gerada pelos pneus reformados.

Se dois terços dos pneus de carga em uso são reformados:

  • repõe-se no mercado mais de 7,6 milhões de pneus da linha caminhão/ônibus;
  • proporciona-se uma economia ao setor de transportes em torno de 5,6 bilhões de reais/ano;
  • ocorre uma economia de 57 litros de petróleo por pneu reformado na linha caminhão/ônibus, e de 17 litros para a linha automóvel, economizando no total 500 milhões de litros/ano.

Os números não só confirmam a vantagem econômica ao utilizar um pneu reformado, mas também a sua relevância no aspecto ecológico. Esses dados demonstram um prolongamento da vida útil do pneu, material que, se descartado incorretamente, é nocivo ao meio ambiente.

Ao contrário do que muitos dizem, essa prática não é poluidora. E seus resíduos sólidos são reciclados, gerando outros produtos, como:

  • tapetes;
  • grama sintética;
  • persianas;
  • solas para sapatos;
  • tatames;
  • mistura para asfalto, entre outros produtos.

Além disso, pode-se:

  • obter fonte de energia para fornos de empresas de cimento;
  • regenerar parte do material e transformá-lo em borrachas novamente.

4. ESTRUTURA DOS PNEUS

Observe na ilustração as partes que estruturam o pneu:

O_pneu_composicao_e_estrutura-fig01

Segundo informações do site da empresa Brazil Tires, segue a descrição de cada parte que compõe o pneu.

Carcaça: é a parte resistente do pneu construída para receber pressão, carga e impacto. Retém o ar sobre pressão para suportar o peso e a carga do veículo. Pode ser fabricada de poliéster, nylon ou aço. O processo de construção da carcaça é responsável por aspectos importantes de dirigibilidade, como balanceamento, geometria e simetria.

Talões: são construídos conforme especificações do diâmetro, de modo a garantir a segurança para que o pneu não solte do aro (destalonamento) quando submetido a esforços laterais. Internamente são constituídos de arames de aço de alta resistência.

O_pneu_composicao_e_estrutura-fig02

Paredes laterais: são as laterais (costado) dos pneus desenvolvidas por compostos de borrachas com alto grau de flexibilidade e alta resistência à fadiga.

Cintas (lonas): são feixes de cintas colados sobrepostos, de maneira a suportar as cargas em movimento. Sua principal finalidade é garantir maior área de contato e menor pressão sobre o solo.

Banda de rodagem: é a banda de rodagem que está em contato com o solo e que transmite a força do motor em tração. Possui blocos (as partes cheias) e sulcos (partes vazias). Deve oferecer tração, estabilidade, aderência e segurança para cada tipo de terreno.

Ombros: são as extremidades da banda de rodagem e os apoios necessários para a segurança em curvas e manobras.

Nervura central: é a parte central da banda de rodagem, que tem contato circunferencial do pneu com o solo.

4.1 Pneu com câmara e sem câmara

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palavras-chave: composição, estrutura, pneu