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A força da vontade

Renato Oliveira Leite queria ser jogador de futebol. Amputado após um acidente de trânsito, brilha no vôlei sentado, nos jogos paraolímpicos.

Marina Lemle

Aos 18 anos, Renato Oliveira Leite queria ser jogador de futebol. Treinava na várzea paulista e vinha fazendo inúmeros testes, num ambiente extremamente competitivo. Começou a trabalhar cedo, como empacotador num supermercado. Preparava-se para mais um teste promissor quando resolveu comprar uma moto e entregar quentinhas. Numa conversão, ele e um carro desviaram para o mesmo lado: fratura exposta na perna, artéria atingida, risco de vida.

Aos 29 anos, Renato é bicampeão mundial. Conhece 20 países e emplacou marcas vitoriosas. Capitão da seleção brasileira de vôlei sentado - medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara em novembro -, já tem destino certo em 2012: as Paraolimpíadas de Londres.

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Amputado, o jovem contou com o conforto dos pais e da namorada – hoje esposa – para seguir em frente. Após cerca de sete meses, colocou uma prótese abaixo do joelho e adaptou-se totalmente. Com preparo físico de quem sempre se destacou nos esportes, reabilitou-se com sucesso e reconquistou a independência.

O caminho não foi fácil. Até conseguir tratar-se pelo SUS, no Lar Escola São Francisco, frequentou uma clínica particular, o que, entre outros gastos, impactou a família do ponto de vista financeiro. Do DPVAT, recebeu R$ 4.800, quantia que considera irrisória se comparada ao que gastou.

Mas o atleta não guarda mágoa. Para ele, o acidente estava no seu destino. “Minha família me deu muita força e consegui me alavancar no esporte paraolímpico. Não fiquei em casa chorando, me lamentando. Poderia ter ficado deprimido, mas optei por outro caminho. Para se realizar na vida, basta querer”, diz.

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A realização de Renato é jogar pela seleção, representando o país no exterior. Ele conheceu o vôlei sentado em 2003, logo que o esporte chegou ao país. Em 2007, já era capitão da equipe que venceu o Parapan no Brasil.

Mas o esporte somente não garante seu sustento financeiro. Por isso, faz dupla jornada, trabalhando num banco.

“Hoje sou motivo de orgulho para muita gente. Faço trabalho social em hospitais, visito jovens acidentados e tento trazê-los para o esporte, que é uma grande ferramenta de inclusão social”, conta.

Nove da equipe de doze são vítimas de trânsito

Na seleção brasileira de vôlei sentado, dos doze atletas, seis sofreram acidente de moto e três foram atropelados.

O guia sobre os Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara distribuído à imprensa pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro não detalha a deficiência de cada atleta e nem a sua causa, mas uma contagem informal sugere que, dos 222 atletas brasileiros que participaram dos jogos, pelo menos 15% foram vítimas de trânsito.

Acidentes incluindo motos, carros, bicicletas e outros veículos atingiram pelo menos 23 atletas de diversas modalidades, como vôlei, basquete, ciclismo, natação, tênis de mesa e tiro com arco. No mínimo dez foram atropelados, entre eles o campeão de ciclismo João Alberto Schwindt Filho e a tenista em cadeira de rodas Natália Mayara Azevedo da Costa, de 17 anos, musa da delegação, atropelada aos dois anos de idade por um ônibus que subiu na calçada. Cada história é diferente, mas todas falam de superação e vitória.

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