Projeto “Vida no Trânsito” em Teresina (PI)
A operação Salva-Vidas é uma grande ação intersetorial envolvendo todos os órgãos de fiscalização municipal, estadual e federal e que acontece todas as semanas através do planejamento e da identificação de locais que apresentaram acidentes graves e fatais.
Também foram realizadas campanhas educativas e o II Prêmio Cidade de Teresina de Educação no Trânsito, destinado a estudantes, profissionais de comunicação e à comunidade em geral para estimular a implementação de ações educativas para melhorar o processo de conscientização. Os temas escolhidos foram os fatores de risco trabalhados no projeto foram álcool e velocidade e a conscientização dos motociclistas, grupo vulnerável com maior número de vítimas e feridos graves em na cidade.
De acordo com Audea Lima, coordenadora da Comissão Executiva do Projeto Vida no Trânsito e gerente de Educação no Trânsito da STRANS - órgão de trânsito de Teresina – foi dada ênfase à fiscalização, por trazer efeito imediato, às ações educativas, que têm efeito a longo prazo e são muito necessárias.
“As ações estão todas sendo embasadas na coleta e análise dos dados, feitos trimestralmente, e cujo processo tem sido aperfeiçoado, pois conseguimos identificar os fatores de risco e grupos vulneráveis, além de possibilitar conhecermos onde os acidentes graves e fatais estão ocorrendo”, conta.
Ela considera avanços consideráveis a metodologia de trabalho intersetorial, a identificação das vítimas graves e fatais e dos fatores de risco, as intervenções em parceria, as campanhas realizadas pela sociedade civil e o Ministério Público e a redução no número de vítimas fatais.
“O Ministério Público Estadual está realizando a campanha ‘Em defesa da vida e pela paz no trânsito’, que tem nos ajudado a melhorar as nossas ações, pois transforma um orgão que é de fiscalização em parceiro na melhoria das ações.
O envolvimento da sociedade civil se dá através da criação da Comissão Intersetorial de Segurança no Trânsito, composta por 20 instituições das áreas de saúde, trânsito e educação nas esferas municipal, estadual e federal e ONGs. “O projeto já tem demontrado que o enfrentamento dos acidentes precisa ser em conjunto”, diz.
Outro parceiro que tem ajudado bastante, segundo Audea, é a Polícia Militar, que implementa a operação Lei Seca, que fiscaliza a alcoolemia nas madrugadas, e participa na operação salva-vidas.
Segundo Audea, o orçamento para intervenções é todo do município, ficando a cargo dos organismos internacionais (Opas, OMS, Global Road Safety Partnership, Bloomberg) e federais (ministérios da Saúde, das Cidades e da Justiça) o acompanhamento, o pareamento dos dados (através do sistema SIM e AIH) e o monitoramento. Ela acrescenta que a metodologia implementada é a estratégia de proatividade e parceria da Global Road Safety Partnership.
Para 2012, além das ações já em andamento, deverá receber mais atenção o grupo dos pedestres, que têm aparecido nos dados como vulnerável. De acordo com a gestora, por este ser ano eleitoral municipal, há uma limitação nas ações de publicidade, mas as ações de fiscalização e engenharia serão continuadas.
A expectativa é, quantitativamente, reduzir em 7% o número de vítimas graves e fatais em Teresina e, qualitativamente, melhorar o processo de coleta e análise de dados, que hoje ainda é feito manualmente, pois não há banco de dados informatizado nem do Samu (que atende as vítimas) e nem do Ciptran (registros da Polícia Militar de Trânsito, que atende acidentes tambem).
“Hoje tem sido complicado conseguirmos identificar as vítimas graves e fatais e podermos analisar onde aconteceram, a hora, os veiculos, a idade, o porquê dos acidentes e podermos identificar os fatores que causaram. A informatização desses bancos é um desafio”, conta.
Outros desafios, segundo Audea, são a necesidade do aperfeiçoamento das leis referentes a beber e dirigir, o fim do “mito da indústria da multa”, a melhoria e os investimentos em transporte público e a estruturação dos órgãos que fazem fiscalização de trânsito.
Para ela, a experiência em Teresina ensina às demais capitais brasileiras a serem contempladas pelo projeto que a união faz a força:
“Os problemas da mobilidade urbana são feitos por todos, portanto, todos precisam se engajar na busca de soluções. A intersetorialidade nas ações é fundamental. Antes, cada órgão planejava suas ações com base em seus dados. Hoje temos possibilidade de encontrarmos informações valiosas que podem ajudar cada um, dentro de sua esfera de competência a agir. Hoje, todos agem com um foco. Às vezes, juntos, às vezes separados, mas todos com um mesmo alvo. Isso pode fazer a diferença. Temos já constatado que faz”
Outro ensinamento, segundo Audea, é querer aprender a fazer de um jeito diferente do que costumeiramente tem sido feito, buscando novas metodologias de trabalho e novas formas de fazer, enfrentando as dificuldades e limitações financeiras, de recursos materiais e humanos, “para cumprirmos a missão de construir um trânsito mais humano, mais seguro e onde todos possam usufruir do direito de ir e vir em igualdade de condições”.
Mais informações:
Blog do projeto Vida no Trânsito em Teresina, Piauí
Ações em outras cidades
Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Saiba mais:
Site do projeto Vida no Trânsito
Projeto Vida no Trânsito - Plano de Ação Componente Nacional
Portaria 3.023 do Ministério da Saúde
Decade of Action for Road Safety 2011-2020
Quadro dos valores destinados aos estados e respectivas capitais